Setembrino de Carvalho

Setembrino de Carvalho
Setembrino de Carvalho
Nome completo Fernando Setembrino de Carvalho
Dados pessoais
Nascimento 13 de setembro de 1861
Uruguaiana, Rio Grande do Sul, Brasil
Morte 24 de maio de 1947 (85 anos)
Rio de Janeiro,Distrito Federal, Brasil
Vida militar
País  Brasil
Força Exército
Anos de serviço 1878-1926 (48 anos)
Hierarquia Marechal
Comandos
Batalhas

Fernando Setembrino de Carvalho GCA (Uruguaiana, 13 de setembro de 1861 — Rio de Janeiro, 24 de maio de 1947) foi um marechal do Exército Brasileiro,[1] que foi Ministro da Guerra durante o governo do Presidente Arthur Bernardes.[2]

Biografia

Nasceu em 13 de setembro de 1861, em Uruguaiana. Aos dezesseis anos assentou praça no 12º BI, em Porto Alegre, e logo após requereu matrícula na Escola Militar do Rio Grande do Sul, concluindo o curso de Artilharia em janeiro de 1882. Mandado apresentar-se à Escola Militar da Corte em março do mesmo ano, a 5 de setembro era declarado 2º Tenente e classificado no 2º Batalhão de Artilharia a Pé. Já em 1884 concluía o curso de Estado-Maior de Primeira Classe e o de Engenharia Militar, recebendo o grau de bacharel em matemática e ciências físicas. Em seguida, foi classificado no 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, em São Gabriel – RS (herdeiro do velho "Boi de Botas" da Guerra da Tríplice Aliança).

Atuou como engenheiro na construção de quartéis e fortificações no Rio Grande do Sul. Transferido para Uruguaiana, aí servia quando ocorreu a proclamação da República. Desde 1885 aderira à causa republicana sem alterar, porém, sua conduta fiel de militar. Foi deputado durante a assembleia estadual constituinte do Rio Grande do Sul em 1891.

Com a eclosão da Revolução Federalista veio a comandar o Batalhão de Infantaria "Defensores da República", integrante da “Divisão Oeste", organizado para defender Uruguaiana das tropas federalistas. Nomeado para o 2º Batalhão de Engenharia, em março de 1906, provocou a iniciativa de construir-se a estrada de ferro estratégica Porto Alegre - Uruguaiana, de alta expressão para a economia gaúcha. Foi promovido a tenente-coronel em abril de 1906, e assumiu o comando do 2º Batalhão de Engenharia, passando em julho de 1907 à construção do ramal ferroviário Cruz Alta - Ijuí. Já em 1908 assumia a construção da linha telegráfica São Vicente - Santiago do Boqueirão.

Em 1910 foi convidado pelo Marechal Hermes da Fonseca, então candidato à Presidência da República, para exercer a chefia do Gabinete do Ministro da Guerra. Promovido a coronel no mesmo mês, foi mantido pelo novo Ministro, General Vespasiano Gonçalves de Albuquerque e Silva, em 30 de março de 1912. Nomeado interventor no Ceará após a vitória da Sedição de Juazeiro. Foi nomeado logo a seguir governador do Ceará, cargo em que permaneceu de 15 de março a 24 de junho de 1914. Em abril desse ano, foi promovido a General de Brigada. Deixando o governo, voltou ao Rio de Janeiro.

Com Artur Bernardes e outros ministros de Estado (fotografia sob a guarda do Arquivo Nacional).

Ao chegar na capital, foi incumbido pelo Ministro da Guerra de tratar da pacificação da luta em Palmas (levante do Contestado – 1914/1915) que se estendia desde 1840, liderada por José Maria de Agostinho, o "Monge". Entre 1912 e 1914 haviam sido enviadas seis expedições com tropas do Exército. Todas fracassaram. Para cumprir essa missão, no período de 12 de setembro de 1914 a 9 de março de 1915, comandou a 11ª RM, em Curitiba. Em seguida, assumiu o comando da 2ª Circunscrição Militar, criada pelo Aviso do Ministro da Guerra Nr 652, de 28 de abril de 1915, para pacificar os estados do Paraná e Santa Catarina. Graças à sua habilidade e atuação exemplar, os rebeldes foram completamente derrotados até dezembro de 1915, quando regressou ao Rio.[3]

Promovido a General de Divisão em janeiro de 1918, foi designado para comandar a 2ª Divisão de Exército, em Niterói. Em 1º de julho de 1922, foi nomeado Chefe do Estado Maior do Exército pelo Presidente Epitácio Pessoa, cargo que exerceu de 7 de julho a 14 de novembro de 1922.[4] No levante dos Fortes de Copacabana e do Vigia, da Escola Militar e alguns efetivos da Vila Militar foi chamado a intervir. Dirigiu-se ao Realengo, encontrando a Escola Militar já sob controle. Instalou um Quartel General de operações em Deodoro, de onde comandou a repressão. O movimento terminou com o episódio na Avenida Atlântica, envolvendo os 18 do Forte.

Em novembro de 1922, Arthur Bernardes, empossado na Presidência da República, designou-o Ministro da Guerra.[2] Em 1923, surgia no Rio Grande do Sul novo conflito armado, a Revolução de 1923. Fracassada a tentativa de armistício e agravando-se o conflito em todo Estado , decidiu Bernardes encarregar da missão o General Setembrino. Chegando em Porto Alegre, Setembrino promoveu o entendimento entre as partes em conflito, obtendo o armistício com a Paz de Pedras Altas, na estância de Assis Brasil, em 14 de dezembro.

Oficiais do Exército Brasileiro, dentre eles o General Setembrino de Carvalho (ao centro, com uma mão na cintura) e o Tenente Ricardo Kirk (com capacete de aviador), em Porto União, região do Contestado

Promovido a Marechal em abril de 1924, viu-se diante de novo movimento, iniciado no dia 5 de julho, com focos em São Paulo, Amazonas e Sergipe. Fez face aos revoltosos, comandados pelo General Isidoro Dias Lopes, conclamando-os por meio de dois manifestos à rendição e isentando-os de culpa. O Marechal Setembrino afastou-se da vida pública em 1926. Continuou morando no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, vindo a falecer no dia 24 de maio de 1947, aos 85 anos de idade.

Em face de sua atuação pacificadora, é conhecido como o Caxias do século XX.

A 10 de Junho de 1924 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis de Portugal.[5]

Homenagens

A Artilharia Divisionária da 5ª Divisão de Exército possui, em sua memória, o nome histórico de Artilharia Divisionária Marechal Setembrino de Carvalho. Essa homenagem deveu-se ao fato do Marechal ter atuado na Guerra do Contestado, que ocorreu em região hoje abrangida pela área de atuação da 5ª Divisão de Exército.[6]

Fontes de referência

  • Arquivo pessoal de Setembrino de Carvalho no CPDOC da Fundação Getúlio Vargas

Referências

  1. Conforme os itens 31, 32 e 36, Fernando Setembrino de Carvalho foi nomeado Marechal (somente para usuários cadastrados)
  2. a b «Comandantes do Exército Brasileiro». Consultado em 25 de janeiro de 2021 
  3. A Nova Jerusalém do Contestado Gazeta do Povo - edição de 12/10/2013
  4. «Ex-Chefes do EME». Consultado em 25 de janeiro de 2021 
  5. «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Setembrino de Carvalho". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 2 de abril de 2016 
  6. «Biografia do Patrono da AD/5». Consultado em 21 de novembro de 2014 

Milagre em Joaseiro; 1977; Della Cava.

Ligações externas

  • Relatório apresentado ao Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil pelo General-de-divisão Fernando Setembrino de Carvalho, Ministro de Estado da Guerra, em setembro de 1923
  • Relatório apresentado ao Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil pelo Marechal Graduado Fernando Setembrino de Carvalho, Ministro de Estado da Guerra, em novembro de 1924
  • Relatório apresentado ao Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil pelo Marechal Fernando Setembrino de Carvalho, Ministro de Estado da Guerra, em novembro de 1925
  • Relatório apresentado ao Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil pelo Marechal Fernando Setembrino de Carvalho, Ministro de Estado da Guerra, em outubro de 1926

Precedido por
Marcos Franco Rabelo
Governador do Ceará
1914
Sucedido por
Benjamin Liberato Barroso
Precedido por
Celestino Alves Bastos

12º Chefe do Estado-Maior do Exército

1922
Sucedido por
Augusto Tasso Fragoso
Precedido por
João Pandiá Calógeras

24º Ministro da Guerra (República)

1922 — 1926
Sucedido por
Nestor Sezefredo dos Passos
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  • v
  • d
  • e
Estado e
Reino Unido
Regência
(príncipe D. Pedro)
Primeiro reinado
(D. Pedro I)
Período regencial
Segundo reinado
(D. Pedro II)
República Velha
(1.ª República)
Era Vargas
(2.ª e 3.ª Repúblicas)
Período Populista
(4.ª República)
Ditadura militar
(5.ª República)
Nova República
(6.ª República)
Até 1967, o responsável pela gestão do Exército era o ministro da Guerra. De 1967 até 10 de junho de 1999 — data da criação do Ministério da Defesa — o responsável era o ministro do Exército. Após essa data, passou a ser denominado comandante do Exército.
  • v
  • d
  • e
Vice-presidente
Artur Bernardes, 12º Presidente do Brasil
Ministérios
Agricultura, Indústria e Comércio
  • Miguel Calmon du Pin e Almeida (1922–1926)
Fazenda
Guerra
  • Setembrino de Carvalho (1922–1926)
Justiça e Negócios Interiores
Marinha
Relações Exteriores
Viação e Obras Públicas
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(ligados à
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