William Ballantine

William Ballantine
William Ballantine
"Ele resistiu à tentação de interrogar um Príncipe de sangue". Caricatura de William Ballantine na revista Vanity Fair, 5 de março de 1870
Nascimento 3 de janeiro de 1812
Camden
Morte 9 de janeiro de 1887 (75 anos)
Margate
Cidadania Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda
Progenitores
  • William Ballantine
Filho(a)(s) William Henry Walter Ballantine
Alma mater
  • St Paul's School
Ocupação advogado, barrister
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William Ballantine SL (Camden, 3 de janeiro de 1812 – Margate, Kent, 9 de janeiro de 1887) foi um Serjeant-at-law inglês, um cargo jurídico extinto desde as reformas legais da década de 1870 no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda.

Início de carreira

Nascido na Howland Street, Tottenham Court Road em Camden, Londres, filho mais velho de um juiz do tribunal policial, Ballantine foi educado na St Paul's School e se formou advogado em 6 de junho de 1834.[1][2] Ingressou no Tribunal Penal e percorreu o 'Home Circuit' judicial, o que exigiu que ele atuasse nos tribunais em Hertfordshire, Kent, Surrey, Sussex e Essex.[3] Quando jovem, tinha uma ampla familiaridade com a sociedade dramática e literária, encontrando-se com muitos escritores, incluindo Charles Dickens, William Makepeace Thackeray e Anthony Trollope,[3] e esse cenário ajudou-o a obter uma ampla prática legal, particularmente em casos criminais. No final da década de 1840, Ballantine tornou-se conhecido como um formidável interrogador de testemunhas, tendo se envolvido em vários casos famosos, onde ele pôde exibir essas habilidades. Seu grande rival durante esse período foi Serjeant Parry (1816–1880).[2]

Serjeant-at-Law

William Ballantine antes de 1887

Ballantine tornou-se um Serjeant-in-law em 1856, tendo então o direito de usar o barrete ou touca branca desse posto (ver ilustração). Ele foi um dos últimos Serjeants dos tribunais, uma vez que o título e o cargo foram abolidos nas reformas judiciais de 1873. Durante a década de 1860, ele julgou vários casos de maior notoriedade.[1]

Divórcio de Mordaunt

Ballantine serviu como conselheiro para assuntos jurídicos do baronete e membro do Parlamento, Charles Mordaunt, no então notório caso de divórcio contra sua esposa. Harriet Mordaunt, que era muito mais nova do que seu marido, informou que ele não era o pai de seu filho. Ela admitiu que cometeu adultério com vários homens, incluindo o Príncipe de Gales, "muitas vezes e durante o dia".[3]

Ficou claro que, devido a essas revelações, o Príncipe de Gales teria que ser convocado para servir de testemunha no caso. Embora ele pudesse ser intimado, ele não poderia ser forçado a dar provas; a rainha Vitória, sua mãe, aconselhou-o a não comparecer ao tribunal. Porém, o Príncipe concordou em comparecer ao tribunal e ser questionado. Após um delicado questionamento do advogado de Lady Mordaunt, o Príncipe negou que tivesse ocorrido "qualquer familiaridade inadequada ou ato criminoso" entre ele e ela. Em geral, acreditou-se que, ao afirmar isso, o Príncipe tivesse cometido perjúrio.[3]

Ballantine, como advogado do Lorde Mordaunt, o demandante, teve o direito de interrogar o Príncipe de Gales. Em vez disso, na tentativa de salvar o Príncipe de qualquer constrangimento, ele declarou que não tinha perguntas para Sua Alteza Real, salvando assim a honra do Príncipe. Com isso, Ballantine perdeu o caso porque não conseguiu convencer o júri de que Lady Mordaunt era culpada.[3]

Aposentadoria

No início da década de 1880, Ballantine se aposentou e se dedicou a escrever e a viajar, publicando vários volumes de reminiscências, entre eles Experiences of a Barrister's Life, 1882[1] e The Old World and the New, 1884.[3] Seu interesse pelo teatro e jornalismo fez dele um grande conhecer da vida londrina. Embora tenha sido reconhecido como um interrogador incisivo, Ballantine não foi considerado por seus pares como sendo "uma mente jurídica modelo". O Law Times, em seu obituário, afirmou que Ballantine "deixou para trás praticamente nenhuma lição, mesmo em sua própria biografia, que a geração em ascensão pudesse aprender de forma rentável".[4]

Morreu em Margate em 9 de janeiro de 1887, aos 75 anos de idade. A vida privada de Ballantine foi considerada boêmia; e apesar de ganhar grandes somas, morreu pobre.[2]

Família

Em 4 de dezembro de 1841, Ballantine se casou com Eliza, filha de Henry Gyles de Londres, mas não tiveram filhos.[4]

Outros casos

Entre os outros casos jurídicos notáveis de Ballantine estão:

  • o seu bem sucedido processo contra Franz Müller pelo assassinato de Thomas Briggs em 1864,[2][3]
  • sua habilidade de defesa do requerente do "Caso Tichborne" em 1871,[2][1][3] e
  • sua defesa do marajá de Baroda em 1875; seus honorários, neste último caso, foram um dos maiores já conhecidos na época.[2][1][3]

Notas

  1. a b c d e Cooper.
  2. a b c d e f Chisholm.
  3. a b c d e f g h i Seccombe p. 121.
  4. a b Seccombe p. 122.

Referências

  • Seccombe, Thomas. «Ballantine, William». Dictionary of National Biography, supplement (em inglês). 1 1901 ed. Londres: Smith, Elder, & Co. pp. 120–122 
  • Chisholm, Hugh, ed. (1911). «Ballantine, William». Encyclopædia Britannica (em inglês) 11.ª ed. Encyclopædia Britannica, Inc. (atualmente em domínio público) 
  • Cooper, Thompson. «Ballantine, William». Men of the Time, eleventh edition (em inglês) 1884 ed. Londres: George Routledge and Sons. p. 67 
  • 'In Vanity Fair' by Roy T Matthews and Peter Mellini. Scolar Press, London and the University of California Press, Berkeley and Los Angeles. (1982) pp. 115-6
Controle de autoridade
  • Wd: Q8004993
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