Teorema de transporte de Reynolds

O teorema de transporte de Reynolds é o teorema fundamental utilizado na formulação das leis básicas da dinâmica dos fluidos, que são a equação da conservação de massa (ou equação da continuidade), as equações de conservação de quantidade de movimento e a equação de conservação de energia. Na física e na engenharia, essas leis são conhecidas, respectivamente, como: lei da conservação da massa, segunda lei de Newton e leis da Termodinâmica.

O teorema de transporte de Reynolds se refere à taxa de variação de uma propriedade extensiva, N, de um fluido em um volume de controle, que é expressa em termos da derivada material. Seu propósito é fornecer uma ligação entre os conceitos relacionados com os volumes de controles àqueles relacionados com sistemas.[1][2]

Forma geral

D N s i s D t = v c t ( ρ η ) d V + s c ρ η υ s n ^ d A + s c ρ η υ f n ^ d A {\displaystyle {\frac {DN_{sis}}{Dt}}=\int _{vc}^{}{\frac {\partial }{\partial t}}(\rho \eta )dV+\int _{sc}^{}\rho \eta {\vec {\upsilon }}_{s}\cdot {\widehat {n}}dA+\int _{sc}^{}\rho \eta {\vec {\upsilon }}_{f}\cdot {\widehat {n}}dA}

onde η é uma propriedade intensiva relacionada com a propriedade extensiva N (N por unidade de massa) por N = m η {\displaystyle N=m*\eta } , t é o tempo, vc se refere ao volume de controle, sc se refere a superfície de controle, ρ é a massa específica do fluido, V é o volume, υ s {\displaystyle \upsilon _{s}} é a velocidade da superfície de controle, υ f {\displaystyle \upsilon _{f}} é a velocidade do fluido em relação a superfície de controle, n é o vetor normal ao elemento de área, e A é a área.

Conservação da massa

Um sistema é definido como uma quantidade fixa de material. Assim, o princípio de conservação da massa para um sistema pode ser estabelecido por:

D M s i s D t = 0 {\displaystyle {\frac {DM_{sis}}{Dt}}=0}

A massa do sistema pode ser representada por:

M s i s = s i s ρ d υ {\displaystyle M_{sis}=\int _{sis}\rho d\upsilon }

Onde N foi substituído pela massa. No caso η é igual a 1.

0 = c . v . ρ t d V + c . s . ρ v b n ^ d A + c . s . ρ v r n ^ d A {\displaystyle 0=\;\int _{c.v.}^{}{\frac {\partial \rho }{\partial t}}dV+\int _{c.s.}^{}\rho {\vec {v}}_{b}\cdot {\widehat {n}}\;dA+\int _{c.s.}^{}\rho {\vec {v}}_{r}\cdot {\widehat {n}}\;dA}

Todas as variáveis são definidas em sua formulação geral. M é igual a massa total do volume de controle. Aplicando o princípio de conservação da massa, o lado esquerdo da equação geral se reduz a 0, uma vez que a massa do sistema não varia no tempo. Em sistemas operando em regime permanente, o primeiro termo do lado direito da equação se reduz a zero, i.e. a massa do volume de controle não muda, o que implica que a massa que entra no volume de controle à igual a massa que sai.

Equação do movimento

A equação do movimento é obtida substituindo N pela quantidade de movimento. Para tanto, η é definido como sendo a velocidade.

De acordo com a segunda lei de Newton, relembramos que a força é a variação temporal da quantidade de movimento. Então:

F = c . v . t ( ρ υ ) d V + c . s . ρ υ ( υ b n ^ ) d A + c . s . ρ υ ( υ r n ^ ) d A , {\displaystyle \sum _{}{\vec {F}}=\int _{c.v.}^{}{\frac {\partial }{\partial t}}(\rho {\vec {\upsilon }})dV+\int _{c.s.}^{}\rho {\vec {\upsilon }}({\vec {\upsilon }}_{b}\cdot {\widehat {n}})dA+\int _{c.s.}^{}\rho {\vec {\upsilon }}({\vec {\upsilon }}_{r}\cdot {\widehat {n}})dA,}

onde F é a força, υ {\displaystyle \upsilon } é a velocidade do fluido no sistema de coordenadas em que está a superfície de controle e todas as outras variáveis já foram definidas na formulação geral. Note que trata-se de uma equação vetorial.

Equação da energia

A equação da energia pode ser obtida substituindo N pela energia. Pra isso, η é definido como sendo a energia por unidade de massa.

Q ˙ W ˙ = c . v . t [ ρ ( υ 2 2 + g z + u ~ ) ] d V + c . s . [ υ 2 2 + g z + u ~ + p ρ   ] ρ υ b n ^ d A + c . s . [ υ 2 2 + g z + u ~ + p ρ   ] ρ υ r n ^ d A {\displaystyle {\dot {Q}}-\sum {}{\dot {W}}=\int _{c.v.}^{}{\frac {\partial }{\partial t}}\left[\rho \left({\frac {\upsilon ^{2}}{2}}+gz+{\tilde {u}}\right)\right]dV+\int _{c.s.}^{}\left[{\frac {\upsilon ^{2}}{2}}+gz+{\tilde {u}}+{\frac {p}{\rho }}\ \right]\rho {\vec {\upsilon }}_{b}\cdot {\widehat {n}}dA+\int _{c.s.}^{}\left[{\frac {\upsilon ^{2}}{2}}+gz+{\tilde {u}}+{\frac {p}{\rho }}\ \right]\rho {\vec {\upsilon }}_{r}\cdot {\widehat {n}}dA}

onde Q é o calor adicionado ao volume de controle, W é o trabalho mecânico realizado pelo sistema, g é a aceleração devido à gravidade, z é uma distancia vertical arbitrária, u ~ {\displaystyle {\tilde {u}}} é a energia interna específica do fluido, p é a pressão. Todas as outras variáveis já foram definidas na formulação geral.

Note que a equação não faz nenhuma consideração a reações químicas ou energia potencial associada a campos eletromagnéticos.

Volume de controle fixo

Para o caso particular de um volume de controle fixo, υ s = 0 {\displaystyle \upsilon _{s}=0} temos que:

D N s i s D t = v c t ( ρ η ) d V + s c ρ η υ f n ^ d A {\displaystyle {\frac {DN_{sis}}{Dt}}=\int _{vc}^{}{\frac {\partial }{\partial t}}(\rho \eta )dV+\int _{sc}^{}\rho \eta {\vec {\upsilon }}_{f}\cdot {\widehat {n}}dA}

Escoamento em regime permanente

No caso de regime permanente e volume fixo temos:

t v c ( ρ η ) d V = 0 {\displaystyle {\frac {\partial }{\partial t}}\int _{vc}(\rho \eta )dV=0}

Então

D N s i s D t = s c ( ρ η ) υ f n ^ d A {\displaystyle {\frac {DN_{sis}}{Dt}}=\int _{sc}(\rho \eta ){\vec {\upsilon }}_{f}\cdot {\widehat {n}}dA}

Para que exista variação da quantidade de N s i s {\displaystyle N_{sis}} associada ao sistema é necessário existir uma diferença entre a taxa com que N {\displaystyle N} é transportada para dentro do volume de controle e a taxa com que N {\displaystyle N} é transportada para fora do volume de controle.

O lado direito da equação representa a vazão líquida da propriedade no volume de controle. Se N representa a massa, η = 1 {\displaystyle \eta =1} , então

s c ( ρ ) υ f n ^ d A = m e ˙ m s ˙ {\displaystyle \int _{sc}(\rho ){\vec {\upsilon }}_{f}\cdot {\widehat {n}}dA=\sum {\dot {m_{e}}}-\sum {\dot {m_{s}}}}

onde m ˙ {\displaystyle {\dot {m}}} é a vazão em massa (kg/s). Note que existe uma taxa de transferência de massa para fora do volume de controle se a integral do lado esquerdo for positiva. Se, no entanto, o valor da integral for negativo a taxa de transferência de massa ocorre para dentro do volume de controle.

Finalmente escrevemos:

D M v c D t = m e ˙ m s ˙ {\displaystyle {\frac {DM_{vc}}{Dt}}=\sum {\dot {m_{e}}}-\sum {\dot {m_{s}}}}

Referências

  1. White, Frank M., Fluid Mechanics, 5th ed. - Ed. McGraw-Hill.
  2. Streeter, Victor L. e Wylie, E. Benjamin; Mecânica dos Fluidos; Ed. McGraw-Hill, 1978.
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