Logística no negócio eletrónico

A logística no negócio eletrónico, surge devido à necessidade da gestão de fluxos físicos, bens e serviços uma vez que estes suportam o serviço clientes/consumidores finais, facultando maior rapidez e fiabilidade na resposta. Permitem também a demarcação, possibilitando a fidelização de mercados.[nota 1]

Com o aparecimento e expansão tanto do e-business como do e-commerce, é fundamental que se entenda a mensagem logística, de gestão e conciliação entre fluxos físicos e fluxos informacionais. É também necessário compreender qual o perfil do cliente final, uma vez que a sua principal característica é a exigência.[nota 2]

O negócio eletrónico veio exigir ainda mais à logística, na medida em que a coordenação entre os fluxos físicos e os fluxos informacionais, é a sua finalidade por excelência. O propósito continua a ser o mesmo, isto é, pretende-se oferecer ao mercado o que este deseja, a baixo custo, em tempo apropriado e com qualidade na entrega. Estes aspectos criam distinções, proporcionando novas formas de competitividade.[nota 3] Sendo do conhecimento público as muitas experiências de insucesso do e-business, existem questões fundamentalmente logísticas por responder:[nota 4]

  • Como irão funcionar os centros de distribuição.
  • Se as empresas de courier terão capacidade de resposta para os pedidos e a sua quantidade, variedade e aleatoriedade.
  • Se a experiência das empresas de venda por catálogo tradicional será útil em termos de processo, de modo que possa orientar as novas empresas.

Já exitem redes logísticas com capacidade para responder a pedidos tangíveis, todavia, a maioria não tem conhecimento de como decorre o processo físico. A menos que se trate de um mercado com características particulares, o custo para o início da montagem ou para a entrada numa rede logística, é extremamente elevado. Para além disso, há que ter em conta os custos dos sistemas de informação que permitem o desenvolvimento e gestão do negócio eletrónico e a distribuição, desde a ligação informacional entre o pedido eletrónico e o sistema da empresa (através do ERP) ao momento em que os produtos entram em armazém, passando picking, packing, transporte (geridos pelo SCM).[nota 5]

Importância da logística no negócio eletrónico

O negócio eletrónico beneficia as empresas na medida em que aumenta a eficiência, reduzindo custos e estabelecendo relações mais próximas com os clientes, fornecedores, colaboradores.

Chave de segurança da PayPal

Para que a empresa mantenha o seu nível de competitividade, deve oferecer aos seus clientes vantagens como a privacidade e protecção de dados, atendimento personalizado, distribuição e essencialmente serviços de entrega fiáveis.[nota 6] A logística reversa contribuiu para uma diminuição na apreensão do consumidor em relação à Internet, uma vez que são aceitas devoluções, independentemente das causas.[nota 7]

Por outro lado, o negócio eletrônico apresenta uma dificuldade acrescida no que diz respeito às respostas físicas. Apesar dos clientes se encontrarem próximos no que diz respeito à informação, o mesmo não acontece fisicamente.

É por isso essencial que as empresas possuam um planejamento e execução eficazes das encomendas, o ciclo físico deve aproximar-se o mais possível do virtual. O planejamento nas empresas é importante, os processos de aquisição e produção devem ser melhorados para que haja redução dos custos. É importante que o cliente não se aperceba de potenciais problemas, assim, as alterações efetuadas no plano não se refletirão no mercado.

Em relação à produção, devem ser feitas estimativas de quando se deverá proceder ao reabastecimento de componentes, para que os stocks não sejam excessivos ou insuficientes.[nota 8] O produto, assim que sai do fabrico, deve ficar imediatamente disponível para ser distribuído.

É crítico possuir bom serviço a baixo custo. A entrega dos produtos no local certo requer sistemas logísticos apropriados e eficazes. Um dos grandes desafios tem sido deslocar pequenos volumes num enorme espaço geográfico, a logística é por isso um dos pontos mais problemáticos do negócio eletrônico.[nota 9]

Neste contexto aumenta a importância dos operadores logísticos no comércio eletrônico, integrando todo o processo, através de serviços que se estendem da encomenda, passando pelo controlo de stocks até à distribuição.

O negócio eletrônico obriga as empresas a gerir dois fluxos de natureza distinta: físicos e informacionais. Esta especificidade faz com que o raciocínio logístico seja fundamental, minimizando as lacunas formadas pelos diferentes fluxos, tornando o negócio eletrônico completo e bem sucedido.[nota 10]

Serviços logísticos no e-commerce

A maioria das empresas recorre a outras empresas especializadas na prestação de serviços logísticos, para efetuarem as suas entregas, isto é, são representadas por empresas de entregas rápidas, couriers e transportadores de cargas fracionadas. Todavia, as grandes empresas têm a possibilidade de optar por sistemas próprios de entregas.

O conceito de hub-and-spoke (a carga é colocada num centro de operações onde é efetuada a triagem e o reenvio para os diferentes destinos) desenvolvido pela FedEx, nos Estados Unidos, introduziu uma nova modalidade nos serviços de entregas rápidas, uma vez que permitiu uniformizar os prazos de entrega, possibilitando o planejamento das actividades, redução nos custos e cumprimento dos prazos de entrega.

Frota de veículos da FedEx

Serviços de entregas expresso

Apesar da UPS ter iniciado a sua atividade mais cedo, é à sua rival FedEx que é atribuído o mérito por ter revolucionado os conceitos logísticos. O conceito hub-and-spoke, especificamente aplicado ao transporte aéreo de cargas, consiste na recolha de cargas de diversos pontos do país, e concentrar a mesma em centros regionais, sendo posteriormente transportada por via aérea até ao hub, em Memphis (cidade escolhida especificamente, uma vez que se localiza no centro dos Estados Unidos e o tráfego aéreo raramente é prejudicado devido a condições atmosféricas adversas). Ao chegar ao hub, as encomendas são descarregadas, separadas por destino e reenviadas por via aérea. No dia seguinte, uma frota de veículos procede à entrega das encomendas.

Desenvolver o e-business e a componente logística

Para que a entrada no e-business seja bem sucedida, esta deve ser sustentada segundo alguns princípios:[nota 11]

  • a tecnologia tem um papel fundamental no e-business, uma vez que esta deixou de ser apenas um suporte;
  • o modelo de aplicado ao negócio do eletrónico, deverá ser distinto do modelo do negócio convencional;
  • a inabilidade de alterar um modelo actual para um modelo pensado de origem para o e-business, pode conduzir ao insucesso do negócio eletrónico;
  • pretende-se que este tipo modelo de negócio possa satisfazer expeditamente as variações de procura, impostas pelo cliente;
  • o e-business tem a capacidade de exigir às empresas que atendam aos pedidos dos seus clientes/consumidores;
  • a tecnologia também deve ser aproveitada para inovar, facilitar o processo desde a encomenda, passando pela sua recepção, até ao serviço adicional;
  • no futuro, o negócio eletrónico deverá estar assente em business communities, de modo a que seja possível responder às necessidades dos clientes com maior eficiência;
  • é necessária uma forte liderança, por parte da gestão, para que as estratégias do negócio, dos processos, seja mais eficaz.

Estrutura logística tradicional vs modelos de negócio eletrónico

Tradicionalmente, as organizações tratavam as estruturas logísticas de forma interna, dando maior relevância ao transporte e armazenagem. Acreditava-se que era efectuado um melhor trabalho na área da logística se esta fosse desenvolvida pelas próprias empresas, ao invés de serem contratados prestadores de serviços especializados na área.[nota 12]

Actualmente, a tecnologia aliada ao negócio e ao mercado, permitem um melhor conhecimento das necessidades dos clientes/consumidores, potenciando uma melhor resposta logística, de forma a que seja possível a fidelização por parte do cliente. Estes factores têm contribuído para o desenvolvimento da CRM, QR/CR, ECR e CPFR.[nota 13]

Os mercados apostam em factores que façam a diferença de modo a que possam ser mais competitivos, isto é, estão orientados para a qualidade e tempo de resposta, por conseguinte, conferem à logística respostas menos tradicionais.

Logo, pode-se depreender que a gestão das actividades logísticas, deve ser efectuada recorrendo à gestão dos transportes, armazenagem, infra-estruturas e utilização de sistemas e tecnologias.[nota 14]

Notas

  1. CARVALHO, 2000,[1] p. 156.
  2. CARVALHO, 2000,[1] p. 155.
  3. CARVALHO, 2000,[1] p. 156.
  4. CARVALHO, 2000,[1] p. 157.
  5. CARVALHO, 2000,[1] pp. 157 e 158.
  6. CARVALHO, 2006,[2] p. 61.
  7. CARVALHO, 2006,[2] p. 64.
  8. CARVALHO, 2006,[2] p. 62.
  9. CARVALHO, 2006,[2] p. 63.
  10. CARVALHO, 2006,[2] pp. 64 e 65.
  11. CARVALHO, 2000,[1] pp. 158 a 161.
  12. CARVALHO, 2006,[2] p. 82.
  13. CARVALHO, 2006,[2] p. 83.
  14. CARVALHO, 2006,[2] p. 84.

Referências

  1. a b c d e f CARVALHO, José Crespo de; DIAS, Eurico Brilhante (2000). E-logistics e e-business. Lisboa: Edições Sílabo. ISBN 9789726182382  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  2. a b c d e f g h CARVALHO, José Crespo de; ENCANTADO, Laura (2006). Logística e Negócio Eletrónico. Porto: Sociedade Portuguesa de Inovação. ISBN 9789728589677  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)

Ver também

Ligações externas

  • ACEPI. Website oficial da associação de comércio eletrónico de Portugal. Visitado em 15 de outubro de 2014.
  • Instituto Brasileiro de Peritos em Comércio Eletrônico e Telemática (IBP Brasil). Website oficial. Visitado em 15 de outubro de 2014.

Bibliografia

  • NISSANOFF, Daniel (2006). FutureShop: How the new auction culture will revolutionize the way we buy, sell, and get the things we really want (em inglês). Nova Iorque: Penguin. ISBN 9781594200779 
  • REYNOLDS, Janice (2001). Logistics and fulfillment for e-business (em inglês). Nova Iorque: CMP. ISBN 9781578200740