Batalha do Ambidizi

Batalha do Ambidizi
Guerra Civil do Congo

Reino do Congo e vizinhos ca. 1711
Data Junho de 1670
Local rio Ambidizi
Desfecho Vitória portuguesa
Beligerantes
Reino de Portugal Reino de Angoio
Principado de Soio
Comandantes
João Soares de Almeida Conde Estêvão da Silva
Príncipe Paulo da Silva
Forças
Desconhecido Desconhecido, mas com
mosqueteiros holandeses
Baixas
Baixas Desconhecido, mas
incluiu Paulo da Silva

A Batalha do Ambidizi (Mbidizi) ou Ambriz[1] foi um confronto militar em junho de 1670 entre as forças do Principado do Soio e as da colônia portuguesa de Angola durante a Guerra Civil do Congo (1665 1709). Fez parte de uma campanha militar para quebrar o poder do Soio na região. Os portugueses obtiveram uma vitória decisiva, infligindo pesadas baixas e matando o líder local.

Campanhas coloniais portuguesas
Conflitos prolongados mostrados em negrito
Data  Região 
1415 Ceuta
1437 Marrocos
1458 Marrocos
1468 Marrocos
1471 Marrocos
1478 Guiné
1487 Marrocos
1490 Marrocos
1501–02 Índia
1502 Índia
1503 Índia
1504 Índia
1506 Índia
1507 África Oriental
1507 Hormuz
1508 Índia
1509 Índia
1510 Índia
1511 Malaca
1514 Marrocos
1515 Marrocos
1517 India
1521 China
1522 China
1523 Arábia
1526 Índia
1531 Índia
1538 Índia
1541 Mar Vermelho
1541 Mar Vermelho
1542 África Oriental
1546 Índia
1548 Arábia
1551 Arábia
1552–54 Arábia
1553 Golfo Pérsico
1558 Brasil
1559 Índia
1561 Japão
1562 Marrocos
1567 Brasil
1568 Malaca
1569 Achém
1570–75 Índia
1580–83 Oceano Atlântico
1580–89 Oceano Índico
1581 Damão
1587 Jor
1601 Java
1606 Malaca
1606 (ago) Malaca
1612 Índia
1614 Brasil
1619 Ceilão
1622 China
1622 Angola
Data  Região 
1624 Brasil
1625 Pérsia
1625 Brasil
1625 Costa do Ouro
1629 Malaca
1630 Brasil
1631 Brasil
1638-39 Índia
1671 Angola
1637 Costa do Ouro
1638 Índia
1638 Brasil
1639 Índia
1640 Brasil
1640–41 Malaca
1645 Brasil
1647 Angola
1648 Brasil
1648 Angola
1649 Brasil
1652–54 Brasil
1654 (mar) Ceilão
1654 (mai) Ceilão
1665 Angola
1670 (jun) Angola
1670 (out) Angola
1696–98 Mombaça
1710 Brasil
1711 Brasil
1729-32 Índia
1735–37 Banda Oriental
1752 Índia
1756 América do Sul
1761–63 América do Sul
1762–63 Sacramento
1768-69 Angola
1774-78 Angola
1776–77 América do Sul
1809 Guiana Francesa
1816–20 Banda Oriental
1821–23 Brasil
1846 China
1849 China
1850-62 Angola
1855-74 Angola
1890–1904 Angola
1907 Angola
1914–15 Angola
1917–18 Moçambique
1954 Índia
1961 Índia
1961–74 África
• 1961–74 Angola
• 1963–74 Guiné-Bissau
• 1964–74 Moçambique


Antecedentes

Em 1665, o Reino do Congo entrou em confronto com os seus antigos aliados, os portugueses, na Batalha de Ambuíla.[2] O combate resultou numa esmagadora vitória portuguesa que terminou com a morte do manicongo António I (r. 1661–1665) e de grande parte da nobreza do reino. Posteriormente, o Congo rachou numa guerra civil brutal entre a Casa de Quinzala, a qual António pertencia, e a Casa de Quimpanzo.[3] Soio, lar de muitos partidários Quimpanzo, estava ansioso para tirar vantagem do caos.[4] Poucos meses depois da tragédia em Ambuíla, o príncipe do Soio invadiu a capital de São Salvador e instalou no trono o seu protegido Afonso II. Isso aconteceu novamente em 1669 com a colocação de Álvaro IX no trono.[5]

A esta altura, tanto os portugueses como as autoridades centrais do Congo estavam a ficar cansados da intromissão de Soio. Enquanto os Quinzala e outros no Congo viviam com medo de uma invasão do Soio, o governador de Luanda temia seu poder crescente.[5] Com acesso a mercadores holandeses dispostos a vender-lhes armas e canhões, além de acesso diplomático ao papa, estava a caminho de se tornar tão poderoso quanto Congo antes de Ambuíla. Comprometendo-se com o impensável, a fraca autoridade central do Congo pediu a Luanda que invadisse Soio. Em troca, a Portugal foi prometido dinheiro, concessões minerais e o direito de construir uma fortaleza em Soio para impedir a entrada dos holandeses.[6]

Luta e rescaldo

Em resposta ao apelo de Rafael (r. 1670–1673), um exército colonial português de Luanda foi despachado para conquistar Soio em junho de 1670. Conde Estêvão e seu irmão, o príncipe Paulo da Silva, moveram-se com uma força de mosqueteiros congos misturados com infantaria pesada segurando escudos pelos quais os soldados congos eram famosos. Os exércitos lutaram ao norte do Ambidizi. Os lusitanos foram logo bem-sucedidos tal como em Ambuíla e Bumbi. O uso português da metralha causou muitas baixas ao exército do Soio e forçou-o a recuar. Paulo da Silva estava entre os mortos.[7][8] Empolgados com a vitória, os portugueses capturaram os escudos dos inimigos e marcharam ainda mais, antecipando um novo confronto e esperando uma chance de mostrar seus próprios talentos na esgrima.[9] Os portugueses avançaram ainda mais para o Congo, onde foram interceptados e derrotados por Soio em Quitombo.[7]

Referências

  1. M'Bokolo 2003, p. 193.
  2. Thornton 1999, p. 103.
  3. Thornton 1998, p. 69.
  4. Thornton 1998, p. 78.
  5. a b Gray 1990, p. 38.
  6. Birmingham 1999, p. 61.
  7. a b Thornton 1999, p. 121.
  8. Campos 1996, p. 166.
  9. Thornton 1999, p. 105.

Bibliografia

  • Birmingham, David (1999). Portugal and Africa. Londres: Palgrave Macmillan 
  • Campos, Fernando (1996). «O rei D. Pedro IV Ne Nsamu a Mbemba. A unidade do Congo, Africa». São Paulo: Universidade de São Paulo. Revista do centro de Estudos Africanos (18-19): 159-199 
  • Gray, Richard (1990). Black Christians & White Missionaries. New Haven, Conecticute: Imprensa da Universidade de Yale 
  • M'Bokolo, Elikia (2003). África negra: Até ao século XVIII. Lisboa: Vulgata 
  • Thornton, John K. (1998). The Kongolese Saint Anthonty: Dona Beatriz Kimpa Vita and the Antonian Movement, 1684-1706. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia 
  • Thornton, John K. (1999). Warfare in Atlantic Africa 1500-1800. Londres e Nova Iorque: Routledge